Os legados do isolamento para o futuro do varejo

Daniela Gebara

Daniela Gebara
Sócia e diretora comercial da ROCKY, especialista em gestão de grandes contas e gestão parcerias no mercado do marketing.
August 13, 2020


São inegáveis os fortes impactos negativos e duros que a pandemia trouxe para o mundo, não só os que estão sendo sentidos agora, mas especialmente aqueles com os quais teremos que lidar em longo prazo.

Sabemos da realidade devastadora e das previsões alarmantes de mortalidade, colapso dos sistemas de saúde e do impacto à economia. Porém, é importante olharmos também para o momento que estamos vivendo por um outro ângulo, para o que ele pode nos trazer de benefícios e melhorias lá na frente.

Neste contexto, a digitalização de empresas em diversas áreas é um ponto positivo, mas é preciso realmente fazer uma reflexão séria sobre isso e sobre o futuro do varejo em geral.

Foto de perto de uma placa que diz “fechado” em vermelho.

Com os comércios fechados, é preciso entender como fica o futuro do varejo e como as empresas vão se reinventar para atender novas demandas online.

O futuro do varejo já é uma realidade?

Palavras e jargões clássicos do marketing digital estão há tempos na boca dos players do varejo, inclusive dos grandes, o que nem sempre significa que esses termos estão sendo utilizados corretamente ou que suas ações estão sendo implementadas corretamente.

Todo mundo fala sobre transformação digital, posicionamento online e consumidor omnichannel, mas colocando em prática, a realidade é outra.

Um estudo divulgado em abril pela Boa Vista, empresa que gerencia o Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) e serviços como análise de CPF, descobriu que, para 42% das empresas brasileiras, as vendas online representam até 10% do faturamento.

Além disso, para 22% delas, o online representa entre 10% e 30% do faturamento.

Dessa forma, de dez empresas brasileiras, seis ainda dependem do varejo físico para obter 70% ou mais de sua receita. Na outra ponta, só duas em cada dez empresas conseguem obter online mais da metade da receita.

Ou seja, apesar de toda a transformação digital pela qual as empresas brasileiras estão passando nesse momento ou passaram recentemente, muitas delas ainda têm a maior parte da sua receita atrelada às lojas físicas.

E isso acaba sendo um grande desafio para elas, que precisam entender melhor o comportamento de compra desses consumidores e encontrar formas de levar esses fiéis do offline até seus e-commerces.

Desafios online do varejo brasileiro

A baixa penetração do comércio eletrônico é uma realidade no Brasil.

Dados compilados pela eBit/Nielsen e por bancos como o Bradesco BBI mostram que o comércio eletrônico brasileiro representa entre 4% e 6% das vendas do varejo.

Em países mais desenvolvidos, como a China, o e-commerce já responde por mais de 10% das vendas.

Considerando todos os números, não é difícil entender os motivos pelos quais o mercado brasileiro vem sentindo tanta dificuldade em se manter em pé durante esta crise.

As empresas não estavam preparadas para essa mudança de comportamento de compra e o consumidor ainda tem bastante receio em fazer compras online.

A grande maioria das empresas de varejo no Brasil ainda não passou ou não tinha passado pelo processo de digitalização - erro este que poderia ter sido previsto e resolvido antes que a crise, de fato, surgisse.

Ainda sim, algumas empresas conseguiram encontrar soluções interessantes para se reinventar como futuro do varejo.

A Chilli Beans – que fechou todas as suas lojas físicas – alocou totalmente seus esforças e suas vendas para o online. A P&G, mesmo com ticket baixo, reformulou sua logística para o delivery de pedidos de necessidades essenciais, focando na experiência com o cliente.

Já a Quinto Andar, por sua vez, desenvolveu uma inédita forma de disponibilizar visitas virtuais aos imóveis.

O fato é que independente do setor que você atua ou do nível de maturidade do seu negócio, há uma forma genuína de se posicionar e inovar para se salvar da crise.

Na ponta do consumidor, as respostas têm sido positivas.

Ilustração de um homem em pé em cima de notebook, vendo várias páginas de produtos online e olhando avaliações, decidindo se vai comprar ou não.

O consumidor é cada vez mais omnichannel, por que o futuro do varejo não seria?

Futuro do varejo é omnichannel?

Desde o início do confinamento, nota-se um crescimento de mais de 20% de novos consumidores e-shoppers, que estão passando pela experiência da compra online pela primeira vez.

Isso sem falar da expressiva compra de produtos essenciais de consumo, incluindo produtos perecíveis.

Esses novos e-shoppers tiveram que se adaptar a uma nova realidade, uma nova rotina e em meio a todas essas mudanças e superando inseguranças, foram muito bem recebidos por aquelas empresas que já estavam presentes no online e já sabiam como lidar com eles.

Para todas as outras, foi um momento de muitas incertezas e com isso, tiveram que correr atrás dessa transformação digital.

Vale ressaltar que toda essa revolução ocorreu em um período de poucas semanas, ou seja, todas as objeções colocadas antes da crise caíram por terra.

O fato é que essas ações e impactos foram quase como uma resposta instintiva de sobrevivência para o mercado, mas será que se perpetuam no futuro do varejo ou, assim que for possível, as empresas voltarão a se concentrar somente no comércio físico?

Ainda não é possível dizer ao certo, mas os indícios mostram que offline e online serão ainda mais complementares. É uma exigência do consumidor, que é cada vez mais omnichannel.

No entanto, parte das pessoas que estão tendo a primeira experiência de compra online gostaram dessa alternativa e manterão essa forma de consumo, então é preciso estar atento a esse crescimento e saber como aproveitá-lo.

Por isso, para as empresas e seus gestores, fica a sugestão de olharem para esses avanços que conseguiram fazer nesse período, como o início de suas jornadas de transformação e que ainda vão precisar e merecer muitos esforços.

Esse trabalho, sem dúvida, valerá a pena, pois o cliente, ainda que pelos corredores da loja física, está sempre com o smartphone na mão.

A receita do online tende a crescer e é ali que ele busca informações.

Em algum momento da jornada de compra, o cliente passa pela internet e esse momento tem sido cada vez maior, principalmente na execução da compra.

Mas o fato é que esse comportamento já era previsto: o que a crise fez foi apenas acelerar esse processo.

Foto focada na tela de um notebook, uma pessoa mexendo nele e também segurando um smartphone com a outra, para mostrar que o futuro do varejo é omnichannel

O futuro do varejo ainda é incerto, mas um dos legados da pandemia é uma digitalização cada vez maior.

Mesmo que você e sua empresa tenham perdido o timing da digitalização e estejam agora correndo atrás disso, o importante é seguir com esse processo, mesmo que seja complexo no começo.

A crise da pandemia vai se estabilizar e um dia, vai passar, mas os efeitos das mudanças no comportamento do consumidor e de compra, que já estamos vendo no futuro do varejo, tendem a perdurar e se tornar o novo normal.

Por isso, procure uma agência que seja sua parceira e que entenda bem de marketing digital para te ajudar em seu posicionamento de marca e nesse mercado em constante mudança- mas fuja de promessas milagrosas.

Se você já fez sua transformação digital, mas ainda precisa precisa de ajuda com sua estratégia e procura resultados reais e relevantes, a ROCKY é para você!


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